#97: Short Takes: A monetização dos dados é a peça fundamental para o sucesso dos ecossistemas Opens
W FINTECHS NEWSLETTER #97: 20/11-26/11
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Algumas semanas atrás, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) publicou um projeto de lei que permitirá aos usuários monetizarem seus dados, através de carteiras como a DrumWave Inc. (que é citada 10 vezes no documento).
Monetizar dados tem sido (e será ainda mais) o grande desafio e virada de chave para a manutenção e o sucesso da Economia do Consentimento. À medida que os ecossistemas Opens forem amadurecendo, as empresas buscarão ainda mais retorno sobre esse investimento. Criar um ecossistema Open demanda muito investimento, tanto na infraestrutura que permite o compartilhamento, quanto na manutenção de tecnologias, ferramentas e contratação de gente técnica que permitam a sua continuidade.
No Brasil, investimos mais de R$ 124 milhões na infraestrutura de Open Finance desde 2020. A maior parte disso (79%) foi direcionada para o desenvolvimento da infraestrutura tecnológica e segurança cibernética. Esse total não inclui os gastos que cada banco arcou no próprio projeto, mas pode nos ajudar a entender o quão relevante pode ser o investimento na construção de algo que nos dará benefícios em médio e longo prazo, e possivelmente com retornos abaixo do esperado no curto e médio prazo, visto que estamos em uma curva de aprendizado crescente.
Desta forma, os dados ganharão ainda mais relevância, tanto para as empresas quanto para os usuários. Acredito que os dados possuem características econômicas específicas que diferem daquelas de outros bens tradicionais ou insumos para produção. Como consequência, os níveis de investimento em dados e a quantidade de dados negociados nos mercados podem não ser socialmente ótimos o tempo todo.
O que tenho observado ao redor do mundo, é que o mercado de dados enfrenta um grande desafio: a falta de mecanismos para compensar os detentores pelo valor gerado pelo compartilhamento ou aumento do acesso aos seus dados, resultando na acumulação de dados e potenciais práticas monopolísticas, especialmente quando os dados não são facilmente replicáveis. Embora dados como tráfego online e informações meteorológicas, por exemplo, possam ser coletados por vários players simultaneamente, reduzindo a propensão a monopolização; por outro lado, tipos específicos de dados, como transações de consumidores, processos empresariais internos e dados de viagens por aplicativos, apresentam características exclusivas, tornando práticas monopolísticas atrativas para alguns players. A ausência de mecanismos eficazes de compensação pode limitar o valor potencial para a sociedade, apesar do potencial desses dados em contribuir para o desenvolvimento de novos negócios.
Acredito que os maiores desafios para o sucesso da economia dos dados, principalmente os consentidos, serão: encontrar modelos de negócios sustentáveis que consigam gerar valor para ambos os lados, estabelecer regulamentações realmente eficazes que punam as violações no uso de dados, e garantir que a evolução desse ecossistema beneficie tanto os detentores de dados quanto a sociedade em geral.
Saúde e paz,
Walter Pereira