"Meu banco não tem Open Banking": acalme-se, gafanhoto! Isso é soft opening!
W FINTECHS REPORT #2
W FINTECHS REPORT: Esta é uma edição report, assim teremos apenas análises e comentários.
Boa leitura!
No dia 13 de agosto de 2021, começou a segunda fase do Open Finance no Brasil. Vi algumas pessoas, especialmente diretores de grandes instituições financeiras, utilizando o Open Finance como diferencial competitivo, por exemplo:
Então, aproveitarei este contexto para falar sobre: soft opening. Todo grande lançamento, com impactos tão relevantes como o Open Finance e o Pix, levam tempo para entrar completamente no mercado. O motivo? Minimização de erros e falhas. Quanto mais nichado você lança, mais controlado se torna o ambiente para testes e, consequentemente, mais controle você tem sobre as variáveis que você está avaliando — espera-se isso, pelo menos.
Exemplo prático: lançamento do Pix.
O Banco Central tem sido um grande incentivador da inovação financeira no Brasil. Já falei bastante nessa newsletter sobre o papel desta instituição na propagação da inovação e dos avanços tecnológicos para o desenvolvimento sustentável do nosso Sistema Financeiro Nacional. Para inovar, o Banco Central deixou aquele viés burocrático que assombra as instituições públicas e abraçou a agilidade, o rápido aperfeiçoamento e o conceito de lean startup. O sandbox regulatório (iniciativa que permite que instituições já autorizadas e ainda não autorizadas pelo BACEN possam testar projetos inovadores com clientes reais) talvez seja o maior exemplo disso.
Ano passado, ao lançar o Pix, o Banco Central do Brasil renovou seu compromisso com a inclusão e inovação financeira. O meio de pagamento eletrônico instantâneo também não foi lançado completamente de uma vez só. No dia 3 de novembro de 2020, o Banco Central anunciou o início do soft opening, que permitia que os bancos e instituições financeiras, habilitados a usar o sistema, selecionassem até 5% da sua base de clientes para testar o Pix. Somente este grupo reduzido de pessoas poderia fazer transferências durante o período de testes [referência 1].
O objetivo desta prática era permitir que as instituições pudessem arrumar seus sistemas para garantir que todas as integrações, segurança e capacidade estivessem funcionando plenamente no dia 16 de novembro de 2020, a data do lançamento completo.
Segunda fase do Open Finance
No Open Finance, o BC seguiu a mesma estratégia. Tendo em vista que a segunda fase realmente necessita da participação do cliente — do consentimento dele, mais especificamente —, é comum que tenhamos essa rivalidade entre instituições — principalmente naqueles que não sabem (ou desconsideram) este processo. Na época do lançamento do Pix, também teve rivalidade. Quando o BACEN divulgou a lista de chaves cadastradas nos bancos — e o Nubank estava como líder —, houve uma certa rivalidade entre Bancos X Fintechs.


No Open Finance, até outubro, no máximo 10% dos correntistas poderão ter seus dados divididos entre os bancos, em um período que servirá mais como teste. Nas próximas quatro semanas (até o dia 12 de setembro), essa limitação será ainda maior. Cada instituição financeira poderá compartilhar informações de apenas 0,1% dos correntistas, e somente para troca de dados cadastrais, como nome, CPF, filiação e data de nascimento [referência 1, 2].
Rivalidade?
Quem está utilizando o Open Finance como diferencial competitivo não entendeu nada. Há algumas semanas, escrevi um texto sobre a nova fase do nosso Sistema Financeiro Nacional [link aqui]. Saímos de uma configuração de ganha-perde — no qual o cliente, em vários momentos da história, não foi privilegiado como centro da operação — para o mais alto grau de cooperação — entre as próprias instituições financeiras, que agora terão que cooperar umas com as outras para obterem os dados do cliente e o próprio cliente, que precisará autorizar o acesso aos seus dados.
Leandro Nóbrega, também escreveu um post bem legal sobre o assunto [link aqui]. Onde ele também mostrou que a cooperação triunfará nesta nova fase do SFN. Enfim, essa mentalidade de rivalidade só transmite uma mensagem: “estamos preocupados com o nosso concorrente, não com você, cliente”. Quem assumir a posição de cooperação, já nas primeiras fases, ultrapassará dois dos maiores desafios do Open Finance: (i) conquistar a confiança do cliente; (ii) transformar dados em informação para benefício dos seus correntistas.
Saúde e paz,
Walter Pereira