#37: Short Takes: Open Finance, Guerras digitais e financeiras, Principais notícias da semana
W FINTECHS NEWSLETTER #37: 07/03-13/03
Olá 👋,
Esta é uma edição Short Takes da W Fintechs. Em alguma semana do mês, filtrarei alguns posts do meu LinkedIn sobre temas que acredito que sejam relevantes para o ecossistema e que foram publicados inicialmente lá.
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👉A W Fintechs é uma newsletter focada em inovação financeira. Toda segunda-feira, às 8:21 a.m., você receberá um e-mail sobre os principais fatos e insights deste universo.
Open Finance
Em todo o mundo, os regulamentos de Open Banking evoluem para o Open Finance.
A Europa e o Reino Unido, líderes no Open Banking, já mapeiam seus próximos passos para expandir para o Open Finance. Através das iniciativas European Commission Digital e UK Smart Data Initiatives and Finance Strategy, ambos buscam fomentar uma abordagem regulatória coerente e coordenada para o compartilhamento de dados dentro e entre setores.
Na América do Norte as discussões também estão ganhando força. No quarto trimestre de 2021, a Consumer Financial Protection Bureau realizou uma consulta pública sobre os dados dos consumidores realizada por plataformas de pagamento de big tech nos EUA 🇺🇲. No Canadá 🇨🇦, os resultados da segunda revisão do Open Banking também foram divulgados.
Na Ásia-Pacífico, já podemos ver um salto do Open Banking para o Open Everything.
Alguns dos avanços incluem:
🇮🇳 Uma estrutura de agregação de contas para compartilhamento de dados financeiros foi lançada na Índia. Eles também estão procurando ligar seu sistema de pagamento instantâneo UPI com o Paynow de Cingapura.
🇦🇺 A continuação do lançamento do quadro de compartilhamento de dados da Austrália, com foco no setor de energia através das regras de alteração do direito de dados do consumidor recentemente publicadas.
Na América Latina, a abordagem do Brasil ao Open Banking e ao Open Finance está causando ondulações em toda a região (e no mundo).
Após o lançamento da última fase de sua estrutura de Open Banking, as instituições participantes têm agora até 25 de março de 2022 para obter a certificação funcional da API, permitindo que eles compartilhem informações além dos produtos e serviços bancários tradicionais. A SUSEP também divulgou diretrizes para implementar um quadro de Open Insurance até dezembro de 2022.
Fora do Brasil 🇧🇷, a URF da Colômbia 🇨🇴 também publicou um projeto de decreto sobre Open Finance, abrindo caminho para um quadro voluntário e orientado pelo mercado.
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O Open Banking enquanto movimento de mercado é uma prática antiga em alguns países. No Brasil 🇧🇷, por exemplo, o Guiabolso já coletava os dados financeiros de seus usuários como forma de trazer mais inteligência e entendimento sobre suas finanças pessoais. Na prática, o Guiabolso fazia o que no mercado chamam de screen scraping.
O screen scraping permite que empresas terceirizadas acessem dados de transações financeiras fazendo login em portais digitais em nome de clientes de instituições financeiras. Normalmente, o screen scraping envolve a criação de uma página de login espelhada por uma empresa terceirizada, que se parece com uma página de login online de um banco ou cartão de crédito.
O cliente então insere seus detalhes de login, senhas e medidas de segurança adicionais que possibilitam ao terceiro (Guiabolso, neste caso) fazer login como cliente. Uma vez logado na conta como cliente, as ferramentas de screen scraping copiam os dados disponíveis para um banco de dados externo e podem ser usados fora da instituição financeira.
No entanto, em março de 2016, o Bradesco entrou na justiça acusando o Guiabolso de violar o sigilo dos clientes do banco, acessando informações confidenciais. O Bradesco entrou com um processo solicitando que o aplicativo não pudesse mais coletar dados como agência, número de conta e senhas dos usuários.
Com o Open Banking regulado esta realidade muda. Desde o PSD2, que alterou algumas regras do mercado de pagamentos europeu, aumentar a competitividade é o grande lema dos reguladores. O Open Banking surge com este mesmo propósito e conforme as regulamentações vão avançando nos países, mais dados de boas práticas vão sendo coletados/atualizados.
A regulamentação do Open Banking incentiva o crescimento das fintechs e a padronização das APIs do Open Banking são excelentes aceleradores também — trazendo, consequentemente, mais competição no sistema financeiro. Foi isso que o estudo da Platformable mostrou.
Uma análise de regressão linear com 1.506 bancos em países com pelo menos 0,5 milhão população e pelo menos 2 plataformas de open banking revelam uma correlação positiva (com 41% de R-quadrado) entre o nível de adoção da padronização de APIs abertas pelas plataformas bancárias e o número de fintechs em operação no país.
Alguns países já estão em busca da padronização. O Berlin Group, um grupo com quase quarenta bancos, associações e PSPs de toda a UE 🇪🇺, está emergindo como o padrão de API global.
O Reino Unido desenvolveu um conjunto maduro de padrões de API de Open Banking que todos os bancos do Reino Unido 🇬🇧 devem usar e uma abordagem semelhante está sendo adotada na Austrália 🇦🇺, Brasil 🇧🇷 e México 🇲🇽.
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Guerras digitais e financeiras
As guerras serão digitais 📱 e financeiras 💰.
Quando a Rússia 🇷🇺 invadiu a Ucrânia 🇺🇦, provavelmente Putin não esperava que os impactos econômicos seriam tão rápidos.
A desvalorização do Rublo, moeda do país, em mais de 30%; a subida da taxa de juros básica de 9,5% para 20%; a exclusão da Rússia do SWIFT (de forma bem simples, uma espécie de Pix internacional da Europa) foram alguns dos impactos para a economia russa nesses 7 dias.
Além disso, o maior banco russo, Sberbank, teve suas ações desvalorizadas em 90% e fechou suas filiais em diversos países europeus 🇪🇺 após as sanções econômicas.
Desde o início do ataque da Rússia à Ucrânia, as ações da Tinkoff, fintech russa considerada um dos maiores neobanks do mundo, caíram mais de 90% e seu fundador perdeu mais de US$ 5 bilhões em menos de um mês, perdendo também o status de bilionário da lista da Forbes.
A invasão russa na Ucrânia também provocou movimentações no mercado de fintechs.
Highlights:
A Wise limitou as transferências de dinheiro para a Rússia e a Ucrânia para cerca de US$ 224;
A Brex interrompeu as transações em dinheiro e cartão de ou para a Ucrânia para cumprir uma ordem executiva dos 🇺🇸 EUA;
A Revolut, que possui escritório na Ucrânia, disse que ofereceu suporte de realocação aos funcionários da Ucrânia na semana passada;
A startup da lituana 🇱🇹, Paysera, disse que não processará mais transações no Rublo russo e também fechará contas pertencentes a clientes russos.
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Vamos para as
Principais notícias da semana 📰
Banco Central endurece regras e amplia exigência prudencial para fintechs maiores 👈
O Banco Central aprimorou as regras prudenciais para instituições de pagamento (IPs).
As exigências serão proporcionais, de acordo com porte e complexidade da instituição de pagamento. “A nova regulação preserva a entrada facilitada para novos concorrentes no segmento de pagamentos, de modo a aumentar a competição no sistema e a inclusão financeira”, diz o BC em comunicado.
Já na prática, regras que já eram seguidas pelos “bancões” terão de ser seguidas também por algumas fintechs, com a autoridade monetária passando a exigir mais capital de instituições de pagamento maiores.
O BC dividiu instituições financeiras e de pagamentos em três tipos de conglomerados prudenciais: i) os liderados por instituições financeiras (grandes bancos); iii) os liderados por instituição de pagamento e não integrado à instituição financeira; iii) e os conglomerados liderados por instituição de pagamento e integrados à instituição financeira.
Sendo assim, o BC passar a fazer exigência de capital para fintechs no intuito de cobrir perdas inesperadas, como já ocorre com os bancos grandes. “As novas regras adequam o requerimento de capital mínimo conforme os riscos intrínsecos de cada tipo de atividade”, afirma o BC.
Com fusão, Focus Financeira e Bom Pra Crédito preveem originar R$ 3 bi 👈
Quando fundou a Bom Pra Crédito, em 2013, Ricardo Kalichsztein tinha um sonho grande: construir a principal plataforma de crédito para qualquer momento da vida das pessoas físicas.
Agora a fintech entra em uma nova fase. Depois de fecharem uma parceria no ano passado, a fintech e a Focus Financeira decidiram se tornar sócias. As empresas estão formando uma holding, que ainda não tem nome definido. A fusão está sujeita às aprovações regulatórias.
A nova companhia nasce com mais de 10 milhões de usuários ativos, número que está previsto para alcançar 16 milhões até o fim do ano que vem. Também até 2023, a meta é chegar a R$ 100 bilhões em solicitações de crédito, com um volume originado de R$ 3 bilhões até 2023.
Contabilizei recebe aporte de R$ 320 milhões liderado pelo SoftBank; Goldman Sachs e Pruven Capital também participaram 👈
A Contabilizei acaba de receber um aporte de R$ 320 milhões liderado pelo SoftBank. Também participaram da rodada o Goldman Sachs e Pruven Capital, que passam a fazer parte do quadro de investidores da empresa que já conta com Kaszek, Point 72, Quona, Banco Mundial (IFC) e Igah Ventures.
“Com mais de 30 mil clientes, cada vez mais médicos, consultores, profissionais de tecnologia, profissionais da saúde, advogados, arquitetos, comerciantes do e-commerce e outros profissionais estão buscando um serviço mais completo como o nosso para assessorá-los”, diz Torres. “E durante a pandemia vimos o número de interessados no nosso modelo subir ainda mais”, completa.
Além de ampliar o desenvolvimento de soluções inovadoras que expandem a experiência do cliente, o investimento também será usado para ampliar a equipe de mais de 900 colaboradores. “Somos uma empresa de serviços e tecnologia, mas temos um plano de contratação agressivo em todas as áreas. De operações a marketing, passando por engenharia de software, são dezenas de posições”, diz Michele Heemann, vice-presidente de Pessoas e Cultura da Contabilizei.
Saúde e paz,
Walter Pereira