Olá,
Na nossa #4 newsletter da Walter’s Fintechs você encontrará sobre:
Economia da atenção;
Super Apps;
CAC is the new rent?
E, claro, as principais notícias da semana que passou.
Boa leitura!
Em 2019, eu fui a um dos eventos realizados pelo hub para fintechs do Distrito. Havia desde fundadores a investidores e entusiastas do ecossistema - eu me enquadrava neste último grupo. Em uma das palestras, um investidor experiente que já havia investido em diversas fintechs ao redor do mundo, estava em uma empreitada de trazer um Super App chinês para o Brasil. Na época, poucas eram as empresas que estavam focando neste nicho. A Rappi, que surgira em 2017 no Brasil, era o mais próximo que tínhamos de um Super App, mas ainda estava engatinhando. De lá pra cá o ecossistema de fintechs evoluiu muito e os Super Apps também se desenvolveram, de tal sorte que hoje empresas de varejo estão interessadas em transformar seus aplicativos em um “app de tudo”. A esse processo, daremos o nome de economia da atenção.
Diariamente as empresas de aplicativo disputam por um espaço no hall de aplicativos dos nossos smartphones. Após instalados, esses aplicativos disputam o nosso scroll de notificações. A jornada fica ainda mais intensa quando não abrimos a aplicação há dias. Lembro-me quando fiz um winter intern em uma healthtech early stage, a principal tarefa do time de produto era chamar a atenção do usuário para que ele abrisse o app, feito isso, vinha a disputa pelo seu tempo: quanto mais tempo ele ficasse no aplicativo, melhor, porém, para que isso acontecesse era necessário conteúdos (entrega de valor), alongando ainda mais a jornada por sua atenção.
A economia da atenção
O economista Herbert Simon escreveu sobre esse fenômeno lá na década de 1970.
Portanto, o fenômeno da economia da atenção não é recente, mas com a globalização e o advento da tecnologia, veio a praticidade no acesso a informação. A atenção, diferente de outros bens, é finita e o tempo, por si só, um recurso escasso.
Dados do Spotify mostram que 50% das pessoas pulam a música antes dela acabar. Já os números do YouTube indicam que em apenas 8 segundos as pessoas decidem se vão assistir a determinado vídeo ou não [1] No Netflix, um espectador típico gasta apenas 1,8 segundos considerando cada título [2]. Cada comunicação hoje realizada possuí um objetivo fundamental: chamar nossa atenção logo no primeiro contato. Hoje, o imperativo estratégico para as empresas é, primeiro, manter e, depois, crescer expandindo a atenção que atraem. Os Super Apps surgem a partir daí. O modelo que surgiu na China, tem se popularizado pelo mundo. Em recente entrevista para o Pipeline, do Valor, Frederico Trajano, CEO da Magalu, disse estar focado na estratégia de ser um marketplace de tudo, oferecendo desde delivery de comida à entretenimento e serviços financeiros. Diferente dos americanos que possuem o objetivo de concentrar a atuação em áreas nas quais possuem maiores vantagens competitivas - como o caso da Amazon -, o Magazine Luiza, Alibaba, entre outros players, têm mostrado que a estratégia de ser um “aplicativo de tudo” pode e tem dado certo.
CAC is the new rent? [deixo aqui um link para quem quiser se aprofundar]
Recentemente, vi um debate no LinkedIn em relação a essa comparação: seria o CAC (custo de aquisição de cliente) o novo aluguel das empresas?
Acho que vai de encontro com o que estamos discutindo aqui: a atenção. No mundo off-line, o aluguel é um dos maiores custos para os varejistas. Com a internet, criou-se um novo conjunto de dinâmicas para empresas que são orientadas para o consumidor: o custo de aquisição de cliente (CAC), que tem ultrapassado a importância do aluguel, principalmente em um mundo cada vez mais online como o nosso. O CAC refere-se aos gastos feitos pelas empresas com publicidade e outros custos relacionados à atração de novos clientes para o negócio. Normalmente este custo é vital para a empresa. Corte este gasto e provavelmente você verá uma queda correspondente na receita.
Para mensuração, só no mundo das fintechs, elas gastaram 71% a mais em gastos com publicidade no ano passado, segundo pesquisa da Kantar Ibope Media. Assim, chegamos a comparação entre o aluguel e o CAC. Sem pagar o aluguel, o aluguel será cancelado e não haverá mais um local onde a empresa possa vender seus produtos ou serviços. Uma coisa interesse nessa discussão é que a medida que a empresa fideliza o cliente, o CAC pode diminuir cada vez mais, chegando em alguns casos a próximo de zero ou a zero (em termos monetários, claro); já no aluguel do mundo off-line mesmo que o varejista negocie com o proprietário preços mais baixos, nunca poderá parar completamente de pagar o aluguel e continuar operando normalmente. Particularmente acredito que essa comparação dependa muito do modelo de negócio e estratégia da empresa, não acho que tenha uma resposta certa como um “sim” ou um “não”. Mas uma coisa é certa: a disputa por nossa atenção e a criação de novas estratégias e de melhores produtos serão o norte da competitividade nos próximos anos.
Vamos para as
Principais notícias da semana
Itaú defende ‘isonomia regulatória’ para fintechs e novos entrantes
Roberto Setubal, copresidente do conselho de administração, defendeu um tratamento isonômico entre bancos e novos entrantes. Para ele, os “reguladores estão dando às fintechs ‘vantagens’ que os bancos não têm.
Com o tempo, a tendência é que os novos players sejam mais cobrados, do mesmo modo que ocorre com as instituições tradicionais, disse Setubal. “Na medida em que essas empresas crescem, podem trazer risco sistêmico, e o regulador vai precisar atuar. Ao longo do tempo, esses incentivos vão se reduzir ou até acabar.”.
“O que não queremos é ‘desvantagem comparativa’. É importante ter um ambiente regulatório isonômico. Somos a favor da competição e da concorrência, que traz benefícios para o cliente no final do dia.”.
Ecommerce brasileiro vai se deparar com cliente sem conta bancária, diz presidente da Via
Roberto Fulcherberguer, presidente da Via, dona de Casas Bahia e Pontofrio, prevê gargalos no crescimento do comércio online brasileiro. “Começa a se deparar com um consumidor que às vezes nem tem conta bancária. Como vão consumir no online?”, diz o executivo.
"Olhando para tudo que a companhia tem, o varejo ficou pequeno. Deixamos de ser uma varejista tradicional que comercializa bens de consumo para virar uma plataforma de relacionamento com o cliente. Temos uma plataforma de crédito que agora virou online, e ninguém tem isso.
Hoje, o online é cerca de 10% no Brasil. Quando vira 15%, começa a se deparar com um consumidor que às vezes nem tem conta bancária. Como vão consumir no online? Conosco vão porque já fazemos o crediário. Agora é digital. Tem uma plataforma de serviços financeiros que vai funcionar tanto para o consumidor final quanto para os sellers. Vamos começar a financiar os sellers."
Fintech Belvo capta R$ 225 mi de olho no open banking do Brasil
A empresa anunciou na terça-feira, 1º, ter captado um aporte de US$ 43 milhões (cerca de R$ 225 milhões) em sua rodada série A.
"Nosso principal desafio hoje são as contratações. Temos uma equipe de 70 pessoas com zero saídas, mas a captação de talentos no México e no Brasil tem sido complicada, há muita demanda por parte das empresas de tecnologia. Nosso objetivo é pelo menos dobrar o tamanho da equipe até o final do ano", diz Morales.
Por que a Sinqia se uniu a Sensedia em uma solução para o Open Banking
Em parceria com a Sensedia - líder em API Management e integrações na América Latina - a companhia está oferecendo ao mercado o Open Finance Platform, primeira solução integrada e simplificada para implementação da modalidade nas instituições financeiras do país.
Segundo o executivo, players de diversos segmentos - como bancos, financeiras, fintechs, varejistas e seguradoras - poderão contar com uma plataforma conectada, que permitirá o acesso a toda a estrutura necessária para acompanhar as fases que compõem o Open Banking.
O acordo entre as empresas incluirá, ainda, o Open Finance Playbook, uma espécie de guia com um conjunto de serviços, que atendem desde a estratégia até a operação da plataforma digital.
Recomendação de leitura
A recomendação de leitura desta semana vem de uma indicação do Gabriel Pereira. Em março deste ano, a The Paypers publicou um report sobre “Who`s Who in Open Banking”, mostrando os principais players em cada demanda/fase do Open Banking (OB) - como APIs, plataformas de consentimento, fraude, risco, etc.. O mapeamento oferece tanto uma visão geral da ‘complexidade’ operacional do OB como também as possíveis oportunidades para se aventurar no mercado brasileiro.
Boa semana e abraços,