#6: Banking as a Service: toda empresa pode ser um banco?
WALTER’s FINTECHS NEWSLETTER #6: 14/06-20/06
Olá,
Na nossa #6 newsletter da Walter’s Fintechs você encontrará sobre:
Cloud Computing;
Banking as a Service;
Toda empresa pode ser um banco?;
E, claro, as principais notícias da semana que passou.
Boa leitura!
Está cada vez mais comum vermos empresas oferecendo produtos financeiros aos seus clientes. No passado, não era todo mundo que podia ter uma oferta deste tipo dentro de casa. Empresas como Casas Bahia, Riachuelo, Carrefour, C&A, já ofereciam serviços financeiros aos seus clientes como estratégia de reter e estender o contato com eles. No entanto, a operação era cara e complexa, exigia uma equipe de tecnologia, atendimento, produto, entre outras áreas, proprietárias. Alguns ainda utilizavam as estruturas de um grande banco, mas mesmo assim era inacessível aos empreendedores iniciantes. Hoje, com os avanços tecnológicos dos últimos anos, a tecnologia se tornou mais acessível.
Cloud Computing
Acompanhada a essa evolução, veio a tecnologia em cloud. Atualmente, podemos acessar a internet de qualquer lugar do mundo com segurança e velocidade. A tecnologia evolui de forma acelerada, aperfeiçoando a cada dia a maneira como nos comunicamos virtualmente e no mundo real. Uma dessas tecnologias é a Cloud Computing ou computação em nuvem, que permite armazenar, compartilhar e disponibilizar dados, aplicações, serviços e softwares por meio da internet.
Ao utilizar essas soluções, podemos compartilhar um documento na nuvem, responder um e-mail sem usar um sistema instalado nos nossos dispositivos, ouvir músicas sem a necessidade de baixar os arquivos e visualizar documentos que podem ser editados por várias pessoas ao mesmo tempo num ambiente colaborativo e conectado.
Nos anos 60, John McCarty, criador da linguagem Lisp e pioneiro na tecnologia de inteligência artificial, já discutia a computação por tempo compartilhado, na qual o computador poderia ser utilizado simultaneamente por dois ou mais usuários para realizar tarefas. O conceito, à época, foi denominado de “Utility Computing”.
60 anos depois da definição de computação em nuvem de McCarty, a tecnologia ganhou uma ampla adesão. A Amazon, fundada como uma loja virtual, hoje tem como maior fonte de receita a Amazon Web Services (AWS), seu serviço de computação em nuvem. No quarto trimestre de 2018, a AWS representou 58% da receita operacional da empresa. A popularização nas pequenas, médias e grandes empresas, possibilitou com que muitos tivessem acesso ao mercado de forma mais ágil, bem como fez com que os grandes poupassem tempo e dinheiro com data centers - assim como contribuindo para um foco maior no produto.
Banking as a Service
Se a tecnologia em nuvem possibilitou uma maior agilidade aos novos entrantes, outras tecnologias, como o BaaS (Banking as a Service), também têm revolucionado o mercado.
Com um conceito semelhante ao de Cloud Computing, a BaaS oferece uma estrutura de banco para empresas que não são - ou são - do setor financeiro. Assim, possibilitando que qualquer empresa, independentemente do seu ramo de atuação, possa oferecer produtos financeiros aos seus clientes, utilizando a infraestrutura e o regulatório de instituições do mercado. Através de uma API, essas empresas se conectam a essa infraestrutura e passam a ter acesso a uma gama de funcionalidades, como gestão de contas digitais, analytics, abertura de contas, entre outras.
Os ganhos para a empresa que opta por este processo são os mais variados, começando por uma entrega White Label e caminhando até a criação de novas fontes de receitas e maior tempo de vida dos seus clientes. Alguns de nós usamos alguns bancos digitais que acreditamos veementemente que a estrutura por trás é proprietária, quando na verdade, boa parte hoje utiliza BaaS na entrega de seus serviços. Como por exemplo, a Caju, fintech que permite que os funcionários ajustem seus benefícios de acordo com suas necessidades e regras da empresa, que utiliza a tecnologia da Dock. Outro exemplo, o banco para adolescentes criado pelos Youtubers do canal Neagle, o Neagle Bank. Com o inicio das operações no ano passado, a fintech utilizou a estrutura do Trampolin, outra empresa de BaaS. A Odete, startup que conecta diaristas a potenciais clientes, está na missão de bancarizar as diaristas do Brasil e para isso utiliza a tecnologia da FitBank. Exemplos não faltam e com essa facilidade, vem a pergunta: toda empresa pode ser um banco para o seu cliente?
Toda empresa pode ser um banco?
No começo do ano passado, a Andreessen Horowitz, empresa de capital de risco americana, publicou um vídeo em seu canal no Youtube onde Angela Strange, general partner da empresa, disse que: any company can offer financial services.
No decorrer do vídeo, Strange mostrou que boa parte da infraestrutura necessária para operar como um banco tem se transformado em “as a Service”. A facilidade e a redução dos custos são os novos fatores que guiarão esta nova geração de bancos que emerge ao redor do mundo.
A partir daí, surgem players que anteriormente não tinham no core de sua operação os serviços financeiros, mas que por terem um maior entendimento sobre quem é o cliente e suas necessidades, passaram a ofertar produtos financeiros. Entre as empresas, estão: o iFood, empresa que possui em seu core o delivery, mas que recentemente passou a ofertar produtos financeiros aos estabelecimentos parceiros; Volkswagen, que possui em seu core a produção de automóveis mas que recentemente criou a Trucker Pay, uma espécie de banco digital para facilitar transações feitas por frotistas, transportadoras e caminhoneiros de todo o Brasil; as Lojas Marisa, que recentemente anunciou o lançamento do MBank, em uma estratégia de alongar os produtos financeiros que a loja já oferece há 2 décadas e tornar a Marisa uma plataforma de serviços, produtos e experiências.
A mesma revolução que o cloud computing fez no mundo do armazenamento de dados, o Banking as a Service está fazendo no Sistema Financeiro global. À medida que a tecnologia avança, os custos diminuem e as barreiras de entrada ficam cada vez menores, as oportunidades se tornam imensas e a resposta para a pergunta do título desta seção vai ficando cada vez mais clara: sim, toda empresa pode ser um banco para o seu cliente. No futuro, será como perguntar: toda empresa pode usar tecnologia em nuvem? Agora, uma pergunta que devemos considerar os prós e contras é: toda empresa deveria ter uma fintech ou produto financeiro? Podemos abordar mais adiante este tema.
Vamos para as
Principais notícias da semana
Pix ganha prêmio internacional de inovação em meios de pagamento
O Pix foi eleito o melhor sistema de pagamentos do mundo entre todos os produtos de pagamentos de Bancos Centrais, lançados nos últimos 12 meses. O sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central do Brasil foi o vencedor na categoria "Inovação de Pagamentos" na premiação Fintech & Regtech Global Awards 2021.
Na categoria em que o Pix ficou com o primeiro lugar, foram avaliadas iniciativas de pagamento que foram lançadas no último ano, controladas ou supervisionadas por um banco central ou outro regulador financeiro e que, com base no uso de uma nova tecnologia, resultaram em ganhos de eficiência, tanto em custos, como em velocidade, além de terem contribuído para a inclusão financeira.
De olho em IPO, EBANX vende fatia minoritária à Advent por US$ 430 milhões
O EBANX anunciou na terça-feira (15) que recebeu uma nova mega rodada de investimentos da US$ 430 milhões vindos da Advent International.
Fundada em 2012, o EBANX já possui mais de 70 milhões de usuários latino-americanos e atende a serviços como Spotify, Uber, Shopee, Alibaba e Amazon. Somente em 2020, ela processou mais de 145 milhões de transações e se tornou um líder de mercado que continua em constante expansão.
Nos downloads dos apps financeiros, Banco Pan cresce e se aproxima do Nubank em maio
Na batalha dos bancos digitais e e-wallets, os downloads dos aplicativos financeiros são o primeiro indício de que a estratégia possa estar dando certo.
O principal deles é que o Banco Pan, controlado pelo BTG Pactual, foi o que mais cresceu em maio deste ano, se aproximando do Nubank, quando se refere ao número de downloads. No mês, o Banco Pan teve 2,3 milhões de downloads contra 2,7 milhões do Nubank. Na sequência aparecem PicPay, com 2,2 milhões, e PagBank, com 2,1 milhões. O PicPay está com 9,9 milhões. Os líderes são Nubank (30,9 milhões), PagBank (22,7 milhões) e Mercado Pago (14,9 milhões).
As fintechs e ewallets tiveram mais de 20 milhões de downloads em maio, o quarto mês consecutivo que superam esse patamar.
Kinvo se antecipa ao open banking e fecha acordo com Mercado Bitcoin
Como estratégia de antecipação ao open banking, o Kinvo, consolidador de investimentos adquirido pelo BTG Pactual em março, acaba de firmar uma parceria com o Mercado Bitcoin, maior exchange de criptomoedas da América Latina.
A partir de agora, clientes do Kinvo também poderão importar dados do Canal Eletrônico do Investidor (CEI) da B3, que agrega parte das informações sobre os investimentos dos usuários e também do Tesouro Direto.
Cenário Global
The Biggest Blocker to Open Banking Success? Slow, Risky Data
In a recent interview with CNBC, JPMorgan Chase CEO Jamie Dimon made this remark when asked about the threat posed by fintech and tech giants' exponential growth in banking: "We should be scared s---less. We've just got to get quicker, better, faster.”
A Pulse QA study commissioned by Delphix found less than 5% of European banks are fully prepared for SCA and compliance with previous PSD2 mandates. A staggering 69% of businesses have implemented less than 50% of PSD2 requirements. While 30% of senior IT executives state that a focus on payments is mission-critical, this area of rapid innovation is working out far better for the newer players.
Forty-six percent of survey participants interviewed by Pulse Q&A say banks don’t allow API scenario testing with real data, and 37% of sandbox environments look nothing like live ones.
Recomendação de leitura
A recomendação desta semana vai de encontro com o tema abordado: como será o banco do futuro? O artigo, publicado no dia 11/06 no portal Finsiders, mostrou diversas pesquisas realizadas com públicos diferentes. Se no passado era comum ser fiel a um único banco, hoje a fidelidade se transformou na resposta para a pergunta “Quem oferece o melhor produto para mim?”; de acordo com uma pesquisa feita pela fintech Quanto, cerca de 75% dos usuários possuem conta em mais de um banco. O futuro é imprevisível, mas pelo o que sabemos até agora há grandes chances dele ser mais competitivo e com melhorias significativas na experiência financeira dos clientes.
Boa semana e abraços,