#155: Short Takes: Qual é o denominador comum entre os emergentes no cenário de pagamentos?
W FINTECHS NEWSLETTTER #155
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👉A W Fintechs é uma newsletter focada em inovação financeira. Toda segunda-feira, às 8:21 a.m. (horário de Brasília), você receberá uma análise profunda no seu e-mail.
Bem vindo a edição Short Takes e, como o nome sugere, diferente dos deep dives, em edições como essa vou explorar diversos assuntos que, posteriormente, podem se tornar uma edição deep dive.
Short Takes é focado para empreendedores, investidores e operadores que querem insights rápidos.
A América Latina é, ao mesmo tempo, um terreno de oportunidades e um enigma sobre sua capacidade de aproveitá-las. Uma região onde a digitalização vem crescendo a cada ano, mas também tem um passado que insiste em perturbar o seu futuro. É nesse espaço de contradições que surgem os caminhos mais interessantes de infraestrutura de pagamentos.
Embora a população esteja cada vez mais conectada, a informalidade ainda é um dos maiores males da região, tornando cada vez mais propicio para o surgimento e adoção de métodos de pagamento alternativos.
O Pix é, sem exagero, a maior referência regional até agora. Mas ele não é uma exceção latino-americana, mas sim parte de um movimento maior, que também inclui o UPI na Índia, o PesaLink no Quênia, o InstaPay no Egito e a Transferencias 3.0 na Argentina. Todos compartilham algo em comum: são infraestruturas públicas ou semi-públicas, integradas ao sistema financeiro nacional, com APIs abertas e foco em usabilidade.
O que muda é o ritmo de adoção e a escala de interoperabilidade em cada um deles. No caso brasileiro, o Pix já ultrapassou o cartão de débito e o crédito combinados no e-commerce. Isso tem impactos profundos no comércio, pois muda o fluxo do dinheiro, redistribui ainda mais as margens de adquirência e altera o risco de liquidez para players menores, abrindo espaço para inovações em cima do pagamento, como o que estamos vendo com recorrência em iniciativas que tentam incluir crédito e pagamentos recorrentes dentro do sistema do Pix.
Outros países também exploram as oportunidades que infraestruturas públicas podem trazer para sua população. No México, ainda há uma realidade profundamente marcada pelo dinheiro físico. O Oxxo Pay é um dos casos mais emblemáticos no país, pois transformou o que seria um gargalo (a baixa bancarização) em uma ponte entre o digital e o presencial. Na edição #121, compartilhei um pouco da minha visão sobre o que o Oxxo e a FEMSA, dona da marca, vem fazendo no país. Acredito que o Oxxo não é só uma ponte para o digital, como também é o próprio destino.
No Peru, o Yape tornou-se um verdadeiro caso de inclusão digital, com 61% de seus usuários migrando diretamente do uso exclusivo de dinheiro em espécie. Na Colômbia, o PSE praticamente monopolizou os pagamentos bancários online, enquanto as carteiras como Nequi e Daviplata criaram um ecossistema paralelo, sob uma lógica de arranjo fechado. E na Argentina, o colapso da confiança na moeda fiduciária acelerou não só a digitalização via Transferencias 3.0 e as iniciativas do Mercado Pago, como também a adoção de stablecoins e criptomoedas.
O que esses países têm em comum é a mesma tese que observo em outras regiões: as preferências de pagamento não nascem da infraestrutura propriamente, mas sim do comportamento moldado pela informalidade, pela escassez de crédito e pela criatividade cotidiana para fazer o dinheiro circular. É por isso que métodos de pagamentos, sejam eles públicos ou privados, que são pensados para resolver um problema, vencem, pois se encaixam na realidade de quem paga.
Saúde e paz,
Walter Pereira
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Disclaimer: As opiniões expressas aqui são de total responsabilidade do autor, Walter Pereira, e não refletem necessariamente as opiniões dos patrocinadores, parceiros ou clientes da W Fintechs.