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Nos últimos meses, tenho estudado mais a Argentina — tanto sua história financeira quanto o crescimento da inovação financeira, que está ajudando o país a superar alguns dos seus desafios econômicos. No começo deste ano, estive em Buenos Aires para conhecer mais de perto a realidade econômica do país e também me encontrar com alguns amigos do cenário fintech.
Conversando com taxistas e alguns lojistas, é notável o descontentamento da população em relação à inflação e ao governo. O romancista búlgaro, Elias Canetti, no livro Massa e poder, bem descreveu a inflação quando disse que ela equivale a colocar fogo na bandeira. É o dinheiro que queima, que derrete na nossa mão dia após dia.
Mas nem sempre foi assim. A Argentina já foi um dos países mais ricos do mundo. Em 1896, o país possuía o maior PIB per capita do planeta. Um argentino médio era 29% mais rico que um francês médio e 5 vezes mais rico que um brasileiro médio.
A situação começou a piorar após a crise de 1929, que teve um efeito político profundo na Argentina. A partir daí, os grupos de interesses se fortaleceram no país e os gastos públicos para subsidiar setores específicos e melhorar a avaliação do governo aumentaram.
A partir de 1970, a Argentina enfrentou instabilidade econômica contínua, com planos de estabilização fracassados como o "Rodrigazo" em 1975 e a tentativa de dolarização em 1991 do Plano Austral. A moeda argentina foi fixada em um para um com o dólar, tornando a economia inflexível. Isso levou à crise financeira de 1998 e a uma instabilidade econômica subsequente.
O século XXI foi ainda pior. Nos governos seguintes, dos Kirchners, Macri e Fernández, o país viu a taxa de pobreza e inflação crescer continuamente, com a pobreza atingindo hoje mais de 40% da população.
Em julho de 2022, escrevi para a W Fintechs sobre como a inovação financeira poderia fortalecer as instituições do país e ser um ótimo condutor para a retomada do crescimento argentino (link 👉 aqui) . Conversando com empreendedores do setor de inovação financeira na Argentina, percebi que o cenário é semelhante ao que o Brasil viveu antes de 1994: com a alta da inflação, o Banco Central argentino tem dificuldade técnica e de capital para implementar projetos de inovação de médio e longo prazo.
Apesar dos desafios econômicos das últimas décadas, o país vem experimentando um crescente desenvolvimento do seu ecossistema fintech. No cenário de pagamentos, o Mercado Pago cresceu como uma alternativa simples de transferência P2P, sendo adotado por taxistas e diversos lojistas. O Bitcoin também está em crescente adoção, com alguns estabelecimentos oferecendo descontos na aquisição do produto com pagamento na criptomoeda.
O próximo presidente argentino terá um importante papel em reconduzir a Argentina para sua rota de crescimento perdida há décadas, e a inovação financeira pode ser uma maneira útil de encontrar mais rapidamente essa nova rota.
Saúde e paz,
Walter Pereira