Agradecimento aos leitores da W Fintechs:
Recentemente, fui convidado pelo LinkedIn para participar do programa LinkedIn for Creator, um programa global de apoio a quem produz conteúdo na plataforma.
Agradeço a cada um de vocês que leram estas 35 edições da W Fintechs e me ajudaram a tornar essa e outras conquistas possíveis. Espero que esses próximos meses sejam fantásticos para todos nós!
Bora para a edição de hoje 🚀
Olá 👋,
Na nossa #35 newsletter da W Fintechs você encontrará sobre:
A Creator Economy;
A diferença entre marketplace e SaaS;
As movimentações da Creator Economy;
Principais notícias da semana.
👉A W Fintechs é uma newsletter focada em inovação financeira. Toda segunda-feira, às 8:21 a.m., você receberá um e-mail sobre os principais fatos e insights deste universo.
A pandemia alterou a forma como trabalhamos e a maneira como enxergamos nossas funções na sociedade. Em artigo recente para o The New York Times [link aqui], a editora geral da Slate Magazine, Noreen Malone, escreveu que estamos vivendo a era da anti-ambição. Pessoas estão deixando seus empregos, seja por conta de burnout ou porque não compactuam mais com suas funções ou valores da empresa em que trabalham.
A autora argumenta que a segregação entre profissionais “essenciais” e “não essenciais” ajudou ainda mais a fortalecer o fim da ambição profissional. Segundo a autora:
“To be told that society can’t function without you, and that you must risk your health to come in, while other people push around marketing reports from home — often for much more money — it becomes difficult not to wonder if “essential” is cynical, a polite way of classing humans as “expendable” or “nonexpendable.”” - Noreen Malone em The Age of Anti-Ambition, link aqui
Além disso, as circunstâncias econômicas e de saúde pública trazidas pelo avanço da pandemia, nos deixaram ainda mais esgotados em relação ao trabalho. Um estudo da McKinsey de 2021 mostrou que 42% das mulheres se sentem esgotadas, em comparação com 32% em 2020. Para os homens, os números foram de 35% em 2021, e 28% em 2020. As estruturas tóxicas de governança — que já estavam sendo questionadas por movimentos como o #MeToo e #ThankGodItsMonday — foram ainda mais interrogadas durante a pandemia.
Nos comentários do artigo de Malone, foram diversos os relatos de pessoas que deixaram seus empregos para perseguir suas paixões. Em um dos comentários mais surpreendentes, Kris G., de Minneapolis, relatou que após 7 semanas trabalhando 9 horas por dia de casa, ou no escritório “abandonado” uma vez por semana, ele decidiu desistir do trabalho e foi em busca de fazer aquilo que realmente gosta.
O comentário termina com a seguinte frase:
“Good for workers, finally waking up to the reality that your job is not your identity, it is not where you find inner peace and happiness, it is an exchange of labor for wages.”
As relações de trabalho estão mudando. O futuro do trabalho certamente ainda é uma incógnita, porém, uma outra classe de trabalhadores ganhou força nesta pandemia.
A Creator Economy
A internet democratizou o acesso à informação. Quero dedicar uma edição específica para as fases da internet — da Web 1.0 à Web 3.0 —, no entanto, de forma resumida, foi na Web 2.0 que vieram players como Facebook e Youtube.
No século passado, quem quisesse compartilhar suas opiniões, ou mesmo atuar, deveria ir até uma emissora de televisão (ou jornal) e implorar para que, ao menos, o escutassem. A Web 2.0 rompeu essas barreiras.
A internet possibilitou que um nordestino, do interior do Piauí, criasse um canal no Youtube e alguns anos depois se tornasse um dos criadores mais bem pagos e assistidos da plataforma — Whindersson Nunes. Permitiu que um senegalês desempregado criasse uma conta no TikTok e sem falar absolutamente nada, se tornasse dono de uma fortuna estimada entre $1,3 milhões e $2,7 milhões — Khaby Lame.
A própria transição do Youtube para o TikTok representou os avanços da internet, sobretudo da tecnologia. O Youtube com certeza permitiu que várias pessoas mudassem de vida e com os avanços tecnológicos — de câmera e hardware, especificamente —, está ficando cada vez mais democrático levar suas ideias para milhões — e às vezes bilhões — de pessoas.
O que é Creator Economy?
A Creator Economy refere-se aos negócios construídos por indivíduos autônomos com o objetivo de monetizar suas habilidades ou criações.
Plataformas como o Twitter, Instagram, LinkedIn, Youtube e Facebook abriram espaço para a economia de influenciadores como a conhecemos. Os gigantes desta indústria permitiram que esses criadores independentes acumulassem grandes números de seguidores, mas falharam em fornecer a eles um caminho para monetização direta de seus conteúdos. O Youtube foi a exceção, dando aos criadores 55% da receita de anúncios. Nos últimos 3 anos, a plataforma pagou US$ 30 bilhões aos seus criadores 1.
À medida que mais pessoas deixam seus empregos e começam a se dedicar cabalmente à criação de conteúdo, a monetização se torna um fator primordial. A Creator Economy é impulsionada por alguns fatores como:
Foco na individualidade: novas plataformas de produção de conteúdo permitem que as pessoas ganhem a vida de uma maneira que destaque sua individualidade e reforce seus interesses;
Acessibilidade/avanços tecnológicos: conforme a tecnologia avança, os custos de aquisição de um serviço/bem se reduzem, o que faz com que tecnologias antigas, antes inacessíveis para boa parte das pessoas, torne-se acessível para um número relevante de pessoas. Por exemplo, empresas como a Webflow, Wix, Airtable, tornaram fácil e acessível a produção de sites e aplicativos; editores de vídeos/fotos, que antes estavam restritos aos desktops e suas licenças eram caríssimas, foram levados para os smartphones, como o Kapwing, um editor de vídeos, GIFs e imagens para dispositivos móveis e para a Web;
Nova geração, novos interesses: cerca de 29% dos estudantes americanos não querem mais se tornar banqueiros, médicos ou advogados 2. A Geração Z representa um comportamento diferente de boa parte das outras gerações. Com interesses expressivos em flexibilidade e autonomia, muitos pensam em se tornar criadores de conteúdo, principalmente após os cases de sucesso em seus respectivos países de origem, como o Whindersson Nunes, no Brasil.
Categorias dos players da Creator Economy
A Economia dos Criadores pode ser dividida em 3 categorias principais de plataforma, como:
Curadoria de público: para tudo isso parar de pé, é necessário público. Desta forma, essa categoria de plataforma permite que os criadores publiquem seus conteúdos e interajam com seus respectivos públicos;
Monetização de público-alvo: as plataformas de monetização são outra ferramenta fundamental para a Economia dos Criadores. Elas dão suporte aos criadores para monetizar sua produção quando eles já possuem seguidores. Esses tipos de plataformas permitem que os criadores transformem seu público de fãs casuais em super fãs;
Gestão de comunidade: à medida que o criador conquista seu público e o monetiza, é necessário agora administrá-lo. Essa categoria de plataforma permite que o criador saiba quem foi convertido para inscrito pagante, assim como automatize o processo de pagamentos recorrentes.
A diferença entre Marketplace e SaaS
De acordo com a a16z [link aqui], há dois tipos de modelos para as plataformas de curadoria de público. Resumidamente, nas plataformas de curadoria de público com modelos de marketplace, os criadores contam com a própria plataforma para direcionar o tráfego de leitores e as assinaturas. Já no modelo SaaS, as plataformas podem ajudar na distribuição — fornecendo ferramentas de marketing, por exemplo —, mas são os criadores que direcionam seu próprio tráfego direto e assinaturas, sendo possível exportar e importar sua lista de assinantes a qualquer momento.
O Medium, por exemplo, se enquadraria no modelo de marketplace. A plataforma cobra dos leitores uma taxa de assinatura para acessar histórias em toda a plataforma. A quantidade de dinheiro que o criador ganha é proporcional à quantidade de tempo que seus leitores gastam lendo suas histórias.
Já no modelo de SaaS, tendo como exemplo o Substack, os criadores podem criar seus próprios modelos de assinatura e a plataforma coleta uma parte da receita de assinatura do criador.
Ou seja, os marketplaces são ideais para os criadores que desejam ser descobertos e ganhar público. Enquanto as plataformas SaaS geralmente fazem mais sentido para criadores já estabelecidos.
As movimentações da Creator Economy
A Economia dos Criadores está chamando atenção não só dos empreendedores — que estão aproveitando o crescimento no número de criadores de conteúdo para criar negócios que visam, sobretudo, garantir ainda mais a monetização recorrente dos conteúdos dos criadores — como também está chamando a atenção dos venture capitalists. À medida que a Creator Economy amadurece cada vez mais, os fundos procuram obter uma fatia deste bolo.
De acordo com a CB Insights, só em 2021 foram 46 deals com um financiamento total de mais de US$ 1 bilhão — em 2020, foram 62 deals, com um financiamento total de US$ 464 milhões.

O mercado já possui gigantes e grandes movimentações, como:
A plataforma de membros Patreon, que captou um série F de US$ 155 milhões com uma avaliação de US$ 4 bilhões;
A Kajabi, uma plataforma de cursos on-line que foi considerada a empresa com mais financiamento, de acordo com a CB Insights, tendo atraído US$ 550 milhões em investimentos com uma avaliação de US$ 2 bilhões;
E a plataforma de newsletter, Substack, que arrecadou um total de US$ 82 milhões com uma avaliação de US$ 650 milhões.
Conclusão
O mundo vive uma transformação profunda no mercado de trabalho. Pessoas estão deixando seus empregos, seja por conta de burnout ou porque não compactuam mais com suas funções ou valores da empresa em que trabalham — deixando enormes incógnitas sobre como será o futuro do trabalho.
Em paralelo, a Creator Economy ganha forma e aliados. As grandes plataformas de comunicação, como o Twitter, Instagram, LinkedIn, Youtube e Facebook abriram espaço para a economia de influenciadores como a conhecemos. Os gigantes desta indústria permitiram que esses criadores independentes acumulassem grandes números de seguidores, mas falharam em fornecer a eles um caminho para monetização direta de seus conteúdos.
A Economia dos Criadores busca solucionar este problema. Apoiada em três fatores, como o foco na individualidade, os avanços tecnológicos e uma geração que almeja mais flexibilidade e autonomia, a Creator Economy atraiu o interesse dos produtores de conteúdo, dos empreendedores e dos investidores — que só em 2021 investiram mais de US$ 1 bilhão nesses modelos de negócios.
A Economia dos Criadores colocou diversos desafios para os gigantes da indústria (Facebook, Twitter, Youtube) que hoje estão buscando novas estratégias para manter seus criadores em suas plataformas — como o Facebook, que anunciou que o Instagram criaria um conjunto de ferramentas para que os influenciadores pudessem monetizar seus conteúdos; ou o TikTok que lançou um fundo de US$ 200 milhões para investir em seus principais criadores 3.
Apesar de também ser conhecida como a “Economia da Paixão” — ou seja, as pessoas estão em busca de fazer aquilo que realmente possuem interesse —, a Creator Economy se desenvolve em um contexto em que as oportunidades da classe média estão diminuindo 4 e a geração do Milênio e Z estão com números chocantes de dívidas 5 6. Independente do motivo do seu rápido crescimento — seja ele guiado pela paixão ou pela necessidade —, a Creator Economy está alterando o futuro do trabalho e à medida que a popularidade e a aceitação da sociedade aumentarem, o impacto desse segmento nas economias e no PIB será significativo.
Aprenda mais em📚
Inside Latin America’s Creator Economy: Rich in Influence, Poor in Cash 👈
The Creator Economy Explained: How Companies Are Transforming The Self-Monetization Boom 👈
Vamos para as
Principais notícias da semana 📰
Brasil já tem mais contas digitais abertas do que habitantes: 250 milhões 👈
O número de contas digitais aberta no Brasil já superou o número de habitantes no país. São 250 milhões de contas para uma população de 211 milhões de pessoas. O avanço do serviço aconteceu principalmente em 2021, quando 115 milhões de contas digitais foram abertas entre janeiro e setembro. Os dados são da pesquisa “Ranking de Onboarding Digital 2021” da startup de autenticação digital anti-fraude idwall. O estudo, realizado em parceria com a empresa de marketing e comunicação Cantarino Brasileiro, foi conduzido entre novembro e dezembro de 2021, com mais de 2 mil entrevistados de todo o país.
Daí você pensa: maravilha entãom resolvemos o problema da desbancarização no Brasil! Uma notícia boa em meio a tanto caos, ufa. Mas não é bem assim, estimado leitor, estimada leitora. O que acontece é que muita gente tem mais de uma conta, o que infla os números. E o número de contas digitais per capita, por assim dizer, vem aumentando nos últimos anos. Em 2019, eram 2,1. Em 2020, passou para 3,2. Em 2021, chegou a 3,9. Quanto maior a renda e a escolaridade, mais contas a pessoas tende a abrir.
Com aval de SCD, cearense Somapay vai acelerar oferta de crédito 👈
A fintech Somapay passou os últimos seis anos focada em criar soluções financeiras para facilitar o trabalho administrativo de empresas da região onde foi criada, Fortaleza (CE).
A Somapay começou no ano seguinte oferecendo um cartão para que os funcionários das empresas clientes pudessem sacar seus salários. Não sendo isso suficiente lançaram seus próprios ATMs, 40 terminais para ser mais exato.
Agora, a Somapay se prepara para acelerar, inclusive a oferta de crédito. Em dezembro último, a empresa recebeu aval do Banco Central (BC) para operar como SCD (Sociedade de Crédito Direto) o que, na prática, lhe permite conceder crédito com recursos próprios.
O marketplace reverso de crédito do Kalea atraiu Silvio Meira 👈
O Kalea, fintech que opera com modelo de marketplace reverso de crédito para PMEs, acaba de levantar sua primeira captação de recursos. O aporte, de valor não revelado, foi feito pelo Saints, um fundo formado por uma rede de dez investidores – entre eles, a Squared Ventures, do cientista e professor Silvio Meira e presidente do conselho do Porto Digital, em Recife (PE).
Com a plataforma rodando desde fevereiro do ano passado, o Kalea nasceu em Recife (PE) e aposta no formato de marketplace reverso de crédito. Nele, a lógica se inverte: em vez de empresas buscarem empréstimos e financiamentos nas instituições, os agentes financeiros – bancos, fintechs, SCDs (Sociedades de Crédito Direto) e FIDCs, por exemplo – prospectam ativamente na base de clientes que utilizam a plataforma. Tudo, claro, com consentimento das empresas.
O robô criado pela startup, com uso de inteligência artificial (IA), trata e estrutura os dados empresariais e indicadores das companhias para fornecer, desde que haja autorização, para os agentes de crédito.
Nubank e Mercado Livre aumentam receitas e reduzem prejuízo, mas investidores esperavam mais e ações caem 👈
O Nubank reduziu sua perda líquida em 2021 em 3,6% em relação ao ano anterior e sua receita anual cresceu 130% para US$ 1,698 bilhão. No entanto, os investidores esperavam números melhores. O prejuízo recuou ligeiramente, de US$ 171,5 milhões em 2020 para US$ 165,3 milhões em 2021.
Enquanto isso, o Mercado Pago e o Mercado Crédito, que fazem parte do negócio de fintechs da MeLi, conseguiram manter sua expansão. O volume de pagamentos processados foi de US$ 24,2 bilhões, um aumento de 52,1% em relação ao ano anterior, enquanto as transações acumularam crescimento de 56,1%.
O Mercado Crédito triplicou sua carteira ano a ano para US$ 1,7 bilhão. Mais de 7,4 milhões de clientes tinham um empréstimo ativo no final de 2021.
No entanto, o grupo fechou o período com um prejuízo líquido antes do imposto de US$ 33,9 milhões, melhor que os US$ 44 milhões do último trimestre de 2020.
Saúde e paz,
Walter Pereira
https://www.thewrap.com/youtube-shelled-out-30-billion-to-creators-over-last-3-years/
https://www.antler.co/blog/the-creator-economy-boom-what-it-is-whats-driving
https://www.cbinsights.com/research/report/what-is-the-creator-economy/
http://s.bl-1.com/h/docy8Qkq?url=https://www.pewresearch.org/social-trends/2020/01/09/trends-in-income-and-wealth-inequality/
http://s.bl-1.com/h/docy8V6s?url=https://educationdata.org/student-loan-debt-by-generation#:~:text=14.8%20Million%20millennials%20have%20student,balance%20of%20%2438%2C877%20per%20borrower.
http://s.bl-1.com/h/docy8ZWv?url=https://www.cnbc.com/2021/10/22/how-much-debt-gen-z-has-on-average.html