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#145: Um trilhão à vista: como a infraestrutura de registradoras está transformando o crédito com cartões e duplicatas

#145: Um trilhão à vista: como a infraestrutura de registradoras está transformando o crédito com cartões e duplicatas

W FINTECHS NEWSLETTTER #145

May 19, 2025
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#145: Um trilhão à vista: como a infraestrutura de registradoras está transformando o crédito com cartões e duplicatas
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👉A W Fintechs é uma newsletter focada em inovação financeira. Toda segunda-feira, às 8:21 a.m. (horário de Brasília), você receberá uma análise profunda no seu e-mail.


Enquanto nos Estados Unidos o mercado de antecipação de recebíveis ainda é dominado por instituições privadas, com pouca padronização e sem um sistema centralizado de registros, e na Europa a interoperabilidade entre adquirentes e credores ainda avança de forma desigual entre os países, o Brasil construiu nos últimos anos inovações interessantes em termos de infraestrutura.

Desde 2021, com a Resolução 4.734 e a Circular 3.952 do Banco Central, o país deu início à criação de um sistema integrado de registradoras de recebíveis. Essas instituições funcionam como “cartórios digitais” de crédito, registrando o valor que os lojistas têm a receber por vendas parceladas no cartão — um ativo que antes ficava preso nas agendas das adquirentes e sem transparência para o mercado.

Antes das registradoras, o comerciante era refém da própria maquininha. Vendia hoje, mas só podia antecipar seus recebíveis com a instituição que processava suas transações. Isso gerava um mercado concentrado e com altíssima assimetria de poder. Era como se o lojista estivesse preso a um único credor, sem poder de barganha.

Com as novas regras, surgiu a portabilidade de recebíveis. Agora, esse ativo pode ser registrado de forma padronizada e acessado por qualquer instituição financeira, desde que autorizado pelo lojista. Isso transforma os recebíveis em uma espécie de “leilão” de crédito: quem oferecer a melhor taxa, leva.

As registradoras autorizadas pelo Banco Central — CIP, Cerc, TAG e B3 — passaram a brigar por protagonismo nesse novo mercado. Segundo o Banco Central, em 2021, o Brasil movimentou R$ 257 bilhões (aproximadamente US$ 50 bilhões) em antecipações formalizadas via registradoras de recebíveis.

A título de exemplo, apenas a registradora CERC saiu de R$ 28 bilhões em registros mensais em dezembro de 2020 para R$ 140 bilhões em dezembro de 2021, e R$ 155 bilhões em dezembro de 2023. Desse volume, a maior parte é composta por recebíveis de cartão, mas a proporção de outros ativos financeiros também vem crescendo — sinal de que o sistema tende a se expandir para além das maquininhas.

A digitalização da agenda de recebíveis gera benefícios estruturais. O principal deles é a criação da Unidade de Recebível (UR) — um identificador único para cada transação registrada, com informações como valor, data, bandeira e liquidação. Essa granularidade permite que o lojista negocie partes dos recebíveis, com diferentes instituições e prazos.

Antes, os bancos bloqueavam o dobro do valor emprestado em garantias. Agora, apenas a parte correspondente ao crédito tomado fica travada. O restante pode ser usado em novas operações. Essa mudança, por si só, altera toda a lógica de capital de giro no país. No entanto, a jornada não tem sido simples. A promessa de interoperabilidade ainda patina na prática. Fintechs relatam dificuldades técnicas, sistemas instáveis e experiências ruins para o usuário final. Isso freia a adesão dos lojistas.

Mesmo com esses desafios, os dados mostram avanços. Os spreads médios das antecipações de recebíveis caíram de 5,8 para 4,8 pontos percentuais em um ano. Enquanto isso, os spreads de crédito tradicional subiram 1. Um sinal de que a concorrência promovida pela nova infraestrutura começou a funcionar.

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