Olá,
Na nossa #30 newsletter da W Fintechs você encontrará sobre:
Pagamentos B2B e B2C;
Panorama B2B;
Players no B2B;
👉A W Fintechs é uma newsletter focada em inovação financeira. Toda segunda-feira, às 8:21 a.m., você receberá um e-mail sobre os principais fatos e insights deste universo.
Esta história começa em 1958, quando o Bank of America lançou oficialmente seu programa de cartão de crédito, o BankAmericard, em Fresno, na Califórnia 1. Semanas antes do lançamento, o banco havia enviado aos cidadãos de Fresno um lote inicial de mais de 65 mil cartões de crédito 2 — em poucos anos, o banco atingiu quase 2 milhões de usuários no cartão 3.
Já naquela época, boa parte dos norte-americanos de classe média já possuíam um cartão emitido por vários comerciantes. No entanto, devido à necessidade de carregar cartões de várias lojas e se organizar para pagar tantas contas separadas a cada mês, logo ficou nítido que era uma forma ineficiente e inconveniente de distribuição. Portanto, a necessidade de um mecanismo financeiro unificado, que trouxesse conveniência e diminuísse as preocupações dos consumidores, já era evidente para a indústria americana de serviços financeiros.
Durante a década de 1960, o Bank of America uniu-se com diversas instituições financeiras para distribuir seu cartão de crédito. Em 1970, os bancos se uniram sob o nome de National BankAmericard Incorporated (NBI), expandindo as operações nos EUA. Já em 1976, para propagar o cartão de crédito pelo mundo, o banco adotou a marca Visa.
A partir daí, a história dos pagamentos não seria mais a mesma. Em artigo recente, Percival Jatobá, Vice-Presidente da Visa Brasil, disse que decisões icônicas fizeram da Visa uma das maiores empresas no setor de pagamentos eletrônicos.
Nas últimas décadas, governos e empresas como a Visa, bancos e fintechs, transformaram verdadeiramente a maneira como o consumidor final (B2C) paga e recebe. Contudo, no segmento B2B não houve tanta inovação. O B2B enfrenta uma série de complexidades que diferem da experiência e do processo de pagamentos do B2C.
Panorama B2B
No decorrer das décadas de 2001-2010 e 2011-2020, muitas empresas líderes no mercado de pagamentos concentraram-se no consumidor (B2C). A americana PayPal; a brasileira Pagar.me; e várias outras, revolucionaram a forma como o consumidor compra pela internet.
Visão Geral e América Latina
Por outro lado, os pagamentos eletrônicos permaneceram limitados no lado do B2B. Nos EUA, por exemplo, cerca de 60% dos pagamentos B2B ainda são feitos com cheques. No Reino Unido, cerca de 49% dos negócios usam cheques para pagar fornecedores. Na América Latina, a realidade já melhora um pouco — mais de 60% das faturas B2B são pagas por meios eletrônicos.
Com o advento do COVID-19, muitos processos estão e foram digitalizados. No Brasil, por exemplo, algumas Pequenas e Médias Empresas (PMEs) e microempresas se mostraram resilientes diante das transformações sociais e econômicas. Adaptando-se aos novos desafios trazidos pelo COVID-19, muitas PMEs aceleraram sua transformação digital e buscaram a tecnologia para sobreviver. De acordo com o relatório publicado pela Economist Impact, as plataformas e os sistemas de pagamentos digitais foram essenciais para a sobrevivência desses negócios. Por meio da tecnologia, as pequenas empresas alcançaram clientes, existentes e novos, sem a necessidade do contato físico; facilitaram o marketing e a comunicação; assim como otimizaram os pagamentos e processos.
De acordo com o relatório, pouco mais de um terço das PMEs do Brasil conduzem 50-100% de suas transações comerciais usando plataformas de pagamento digital e aplicativos de mensagens, e quando se olha para os próximos 3 anos, esse número salta para mais de dois terços (72%).
As PMEs são responsáveis por 62% do emprego e contribuem com 50% do valor agregado nacional, assim, a digitalização das pequenas empresas do país provavelmente terá um impacto perceptível na economia e no tamanho deste mercado.
Perspectivas
Segundo dados do Goldman Sachs, os pagamentos B2B representavam em 2018 cerca de US$ 127 trilhões em fluxos de pagamentos. Espera-se que até 2028 este número alcance quase US$ 200 trilhões — mais de 5 vezes o volume do mercado de pagamentos do B2C.
Com novas empresas observando este tamanho de mercado, bem como seus atuais problemas — a maioria das faturas ainda sendo processadas manualmente e pagas com cheques, no caso dos EUA, por exemplo —, espera-se que ocorra, nos próximos anos, uma entrada significativa de empresas com soluções de processamento e pagamentos de faturas de forma mais rápidas e de baixo custo.
Players no B2B
SMEs Payments
Antes da economia das APIs [há uma edição sobre isso aqui] e dos avanços da tecnologia, tornar os pagamentos seguros, protegidos e confiáveis era complexo e custoso, o que resultava em apenas soluções genéricas e que não possuíam uma personalização tão relevante em relação às necessidades das empresas.
Com os avanços da tecnologia, combinado com um ambiente regulatório mais favorável, novos players entraram no mercado e estão desenvolvendo soluções de pagamento B2B personalizados e que abordam os problemas específicos das PMEs.
B2BPay by Zenith Payments
A B2BPay é um bom exemplo de solução personalizada. A empresa, fundada na Austrália e fornecida pelo player de pagamentos Zenith Payments, oferece uma solução de pagamento online que visa melhorar o fluxo de caixa e recompensar em benefícios as PMEs por meio de pagamentos online com cartão de crédito.
De acordo com o report publicado pela Deloitte, as principais características da empresa são:
Facilidade: permitir pagamentos com cartão de crédito para todas as despesas (o que reduz a necessidade de cheques);
Recompensa: gerar recompensas para as PMEs que realizarem seus pagamentos via cartão de crédito;
Velocidade: permitir pagamentos em minutos.
Com isso, a B2BPay conseguiu agradar os dois lados, tanto aqueles que pagam, quanto aqueles que recebem. Os principais benefícios, de acordo com a Deloitte, foram:
Benefícios para quem paga: gerenciamento de fluxo de caixa aprimorado (eficiência e precisão); relatórios mais precisos; lembretes de pagamentos; taxa de processamento de baixo custo; gerenciamento centralizado das despesas;
Benefícios para quem recebe: sem custo adicional para receber pagamentos de clientes; fluxo de caixa aprimorado por meio de pagamentos mais rápidos (em comparação com outros métodos de pagamento); cobranças aprimoradas por meio de notificações por SMS ou e-mail; melhoria na reconciliação bancária e simplificação da administração; maior envolvimento com as PMEs;
Reserve Trust
Nos Estados Unidos, a Reserve Trust quer se tornar a “Stripe para pagamentos B2B”. A empresa oferece um serviço que permite movimentar dinheiro de forma contínua por meio do “primeiro sistema de pagamento baseado em nuvem conectado diretamente ao Federal Reserve”, sem a necessidade de um banco intermediário ou parceiro. Com isso, a Reserve Trust trabalha com empresas que buscam incorporar pagamentos B2B domésticos e internacionais.
Em uma entrevista ao Techcrunch, os fundadores da empresa disseram que após a crise de 2008, os EUA passaram por um processo de derisking — quando os bancos globais param de fornecer serviços de pagamento internacional, como transferências eletrônicas, liquidações de cartão de crédito. A consequência disso foi que se tornou caro e difícil para empresas e economias menores negociar e movimentar em dólares americanos.
A ideia da Reserve Trust, então, é construir uma nova experiência financeira neste segmento e ajudar a fornecer serviços de pagamentos em dólares americanos, especialmente para as fintechs emergentes, ajudando a reconectar essas economias ao comércio global.
Higo
Outra empresa, mais próxima de nós — fundada no México —, também quer mudar a realidade das PMEs mexicanas quando o assunto é pagamento B2B — as PMEs representam 23% do PIB mexicano, de acordo com o IEGI. O objetivo da Higo, fundada em 2021, é construir uma maneira simples para as empresas da América Latina pagarem, cobrarem e financiarem faturas.
Em uma entrevista ao Techcrunch, o CEO da empresa, Rodolfo Corcuera, disse que através de uma plataforma que preenche automaticamente todas as faturas de fornecedores de um cliente e resume tudo isso em um dashboard simples e interativo, a empresa quer garantir mais facilidade e velocidade para as PMEs latino-americanas. Além disso, a empresa oferece financiamento sob demanda quando há atrasos de pagamentos.
Anchor
Uma pesquisa feita pela Melio e YouGov, mostrou que a maioria das empresas nos EUA experimenta atrasos nos pagamentos — com 25% das empresas entrevistadas afirmando que são forçadas a esperar até 30 dias após a data de vencimento do pagamento. A Anchor, fintech fundada nos EUA e com centro de pesquisa em Israel, quer melhorar isso.
A empresa está focando em resolver os problemas de faturamento, cobrança e pagamento automatizando as tarefas de faturamento e remessa.
O CEO da empresa, Rom Lakritz, disse que:
“Today marks the beginning of the next payments revolution, making existing B2B payment processes obsolete, and redefining what billing, collections and payments should look like in the modern world. It was important to us to develop a solution that fuels trust in vendor/client relationships and puts an end to invoice fraud and human errors,” - Rom Lakritz
A plataforma da Anchor permite a integração com as informações de pagamento do cliente e com as tecnologias do prestador de serviços, assim, caso o serviço seja realizado ou a fatura esteja próxima do vencimento, elas poderão ser preenchidas automaticamente e enviadas conforme os contratos.
Considerações finais
Dos primeiros cartões de crédito do Bank of America até os dias atuais, muita coisa mudou. No setor de pagamentos, vimos mudanças perceptíveis, como: maior adoção dos cartões de crédito (B2C); internet banking; moedas digitais; pagamentos instantâneos. Contudo, do lado B2B, boa parte do mundo ainda usa formas obsoletas de pagamentos — nos EUA, os cheques ainda dominam cerca de metade do volume de pagamentos de US$ 25 trilhões. No México, por exemplo, algumas PMEs organizam suas despesas através de planilhas ou e-mails/mensagens arquivadas. Tal cenário proporciona para as fintechs e empresas de tecnologia, de forma geral, um ambiente perfeito para inovar e criar soluções personalizadas.
Tendo em vista que as PMEs geram boa parte dos empregos — no México, de acordo com o IEGI, essas empresas representam 23% do PIB; no Brasil, elas são responsáveis por 62% do emprego —, a digitalização dos pagamentos B2B trará eficiência de tempo e redução de custos, tornando o segmento de PMEs ainda mais próspero e eficiente.
Aprenda mais em 📚
B2B Payments: Unlocking a Multi-Trillion-Dollar Opportunity 👈
B2B: How the next payments frontier will unleash small business 👈
Saúde e paz,
Walter Pereira
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