#FinOpen: Com cerca de US$ 3,15 bilhões em crédito originado via Open Finance no Brasil, como diferentes países estão utilizando esses dados para tomar decisões?
W FINTECHS NEWSLETTER #143
👀 English Version 👉 here
👉A W Fintechs é uma newsletter focada em inovação financeira. Toda segunda-feira, às 8:21 a.m. (horário de Brasília), você receberá uma análise profunda no seu e-mail.
Bem-vindo à edição da série Finance is Open.
A cada duas quartas-feiras, além das edições tradicionais de segunda-feira, abordarei os principais tópicos e as últimas atualizações sobre o que está acontecendo no Open Finance, tanto no Brasil quanto no mundo.
Finance is Open é patrocinada por
O Iniciador é a plataforma completa de infraestrutura especializada em Open Finance Regulado que resolve a Iniciação de Pagamentos e o acesso a Dados.
A solução elimina as preocupações com tecnologia e conformidade, permitindo que os clientes, com licença regulatória ou utilizando a do Iniciador, se concentrem em novos produtos e no crescimento de seus negócios.
Dados direcionam decisões, mas por muito tempo a escassez de informações sobre os tomadores de empréstimos levou as instituições a dizerem “não” mais vezes do que gostariam. A ausência de histórico, de contexto e de sinais reais de comportamento financeiro colocava milhões de pessoas e pequenos negócios à margem do sistema. A tecnologia até evoluía, mas a escassez de dados ainda era fechado, fragmentado ou, pior, inacessível.
O Open Finance muda esse jogo. No Brasil, mais de R$ 18 bilhões (USD 3,15 bilhões) já foram originados em crédito com base em dados compartilhados pelos próprios usuários, segundo o Banco Central 1. Apenas as fintechs concederam R$ 3,2 bilhões em novos empréstimos, beneficiando 4,3 milhões de clientes. Além disso, mais de 13 milhões de pessoas passaram a receber notificações com alertas de saldo e débitos com base em múltiplas contas, enquanto cerca de 30 milhões adotaram gerenciadores financeiros.
O uso corporativo também cresceu: soluções voltadas a micro, pequenas e médias empresas movimentaram R$ 7 bilhões em 2024, e uma única instituição concedeu R$ 306 milhões com taxas reduzidas para capital de giro. E embora o caso brasileiro chame atenção pela velocidade de adoção, ele não está sozinho.
Em diversas partes do mundo, estruturas semelhantes de dados abertos começam a redesenhar o setor financeiro. No Reino Unido, dados de Open Banking já são usados para análises preditivas em seguros e concessão de crédito. Na Índia, o sistema de consentimento impulsionado pelo Account Aggregator conecta bancos, fintechs e consumidores com um nível de granularidade e interoperabilidade impressionante.
Entre as jurisdições reguladas, Coreia do Sul, Índia, Brasil, União Europeia e Austrália permitem o compartilhamento dos principais tipos de dados financeiros — de pagamentos e empréstimos a investimentos, hipotecas e previdência. Esse escopo mais amplo é essencial para análises de crédito mais completas, capazes de refletir a complexidade da vida financeira moderna. Em contrapartida, países como Reino Unido, Arábia Saudita e Colômbia ainda limitam o compartilhamento a dados de pagamento.
A linha do tempo de adoção também revela diferenças estratégicas. Austrália e Índia avançaram rapidamente do Open Banking ao Open Finance. Já Jordânia e Emirados Árabes apenas começaram a estruturar essas iniciativas nos últimos dois anos — ainda assim, com escopos ambiciosos desde o início.
Globalmente, o Open Finance tem se consolidado de duas maneiras: como infraestrutura de pagamentos A2A (account-to-account); e como infraestrutura de dados. As instituições financeiras, fintechs e birôs estão usando esses dados bancários para aprimorar as análises de risco, ampliar o acesso e personalizar decisões com base em evidências comportamentais, não apenas em scores estáticos.
No Reino Unido, a parceria entre a Tymit e a Equifax exemplifica bem essa virada. Focadas no mercado BNPL (Buy Now, Pay Later), as empresas utilizam dados bancários via Open Banking para entender melhor o comprometimento financeiro dos usuários, ajustar limites e oferecer crédito de forma mais sustentável.
As cooperativas de crédito britânicas estão colhendo resultados expressivos com Open Banking. A Central Liverpool Credit Union, em parceria com a NestEgg.ai e a Truelayer, passou a tomar decisões em tempo quase real e liberou £700 mil adicionais no mercado com base em perfis de risco mais confiáveis. Já a Police Credit Union, em parceria com a Credit Kudos, ampliou o acesso ao crédito para militares e outros públicos com histórico financeiro limitado.
Nos EUA, a Equifax avança com o Prism Data para calcular o CashScore, um indicador baseado em fluxo de caixa real. Em vez de depender de dados retroativos ou estimativas, o CashScore reflete o comportamento financeiro diário — uma abordagem para os chamados thin file, consumidores com pouco histórico formal de crédito.
Na frente imobiliária, a britânica Homely, também em parceria com a Equifax, permite que novos compradores acessem crédito habitacional com base em pagamentos recorrentes — como aluguel e contas de serviços — verificados em tempo real.
No Oriente Médio, a Yabx firmou parceria com a Fintech Galaxy para apoiar PMEs com análises de crédito baseadas em dados em tempo real — alternativa ao viés que penaliza empresas informais ou com pouca documentação.
A FinbotsAI também se uniu à Fintech Galaxy para integrar sua IA à infraestrutura da FINX Connect, levando soluções de crédito inclusivas à região MENA, com critérios mais transparentes e flexíveis.
Esses casos revelam um movimento irreversível: dados financeiros não são mais apenas registros estáticos, mas, principalmente, se tornaram motores de inclusão, inteligência e personalização. Desde a primeira edição do FinOpen, venho tentando mostrar que o Open Finance já não é apenas uma agenda regulatória. Ele se tornou, acima de tudo, uma infraestrutura capaz de criar alavancas para ampliar o crédito e o acesso a serviços financeiros. Os países que souberem ativar esse potencial, equilibrando responsabilidade e inovação, estarão na dianteira de uma nova era financeira.
Para continuar aprendendo 👇
Saúde e paz,
Walter Pereira
Disclaimer: As opiniões expressas aqui são de total responsabilidade do autor, Walter Pereira, e não refletem necessariamente as opiniões dos patrocinadores, parceiros ou clientes da W Fintechs.
https://finsidersbrasil-com-br.webpkgcache.com/doc/-/s/finsidersbrasil.com.br/economia-open/open-finance-gera-r-18-bi-em-operacoes-de-credito-aponta-bc/