#149: Short Takes: Como serão as fintechs em 2040?; IPO da Circle nos EUA
W FINTECHS NEWSLETTTER #149
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👉A W Fintechs é uma newsletter focada em inovação financeira. Toda segunda-feira, às 8:21 a.m. (horário de Brasília), você receberá uma análise profunda no seu e-mail.
Bem vindo a edição Short Takes e, como o nome sugere, diferente dos deep dives, em edições como essa vou explorar diversos assuntos que, posteriormente, podem se tornar uma edição deep dive.
Short Takes é focado para empreendedores, investidores e operadores que querem insights rápidos.
As fintechs do futuro caminham para um modelo um pouco diferente do que conhecemos hoje. Ano passado, quando o Nubank adquiriu a Hyperplane, uma startup que criou um modelo de LLM focado em finanças, ficava clara a estratégia do banco em hiperpersonalizar a experiência bancária. O setor financeiro como um todo está caminhando para isso. Iniciativas da Klarna exploram IA internamente para trazer eficiência e também começam a explorar ainda mais algoritmos para melhorar a experiência bancária. O Inter seguiu o mesmo caminho. À medida que os players buscam formar ecossistemas de produtos financeiros ou não, mais dados chegam às suas bases, remunerando, direta ou indiretamente, seus modelos de inteligência artificial.
O banco do futuro será um sistema de decisões distribuídas por camadas inteligentes, alimentadas por dados contextuais e operando em tempo real. Os produtos continuarão existindo, mas sua lógica de entrega será invertida. Não será mais o usuário que busca crédito, seguro ou investimento. Serão esses produtos que se apresentarão ao usuário no momento certo, da forma certa, de maneira quase imperceptível.
Na edição passada do FinOpen, mostrei que, à medida que o Open Finance avança e se integra com funcionalidades mais sofisticadas dos sistemas de pagamentos instantâneos, novas fronteiras começam a se formar. Um dos exemplos que trouxe foi o conceito do “Super Assistente de Pagamentos”, uma alternativa emergente ao modelo tradicional do cartão de crédito. Nesse formato, todas as contas do usuário são reunidas em um único aplicativo. Cada transação é realizada via Pix, e os gastos mensais são consolidados em uma fatura unificada, com a opção de parcelamento sob demanda. Enquanto isso, os recursos permanecem aplicados em instrumentos de renda fixa com rendimento diário, semelhantes aos treasury funds ou, no contexto brasileiro, aos CDBs, sendo mobilizados apenas no momento do vencimento da fatura.
Um relatório recente da Riverty ajuda a desenhar esse cenário. O estudo projeta que, até 2040, o ecossistema fintech será moldado por alguns pilares, trago 4 que achei interessante: automação, personalização, descentralização e inclusão. O processo Order-to-Cash (O2C) é utilizado como ponto de observação para compreender como essas tecnologias transformarão a relação entre consumidores, empresas e instituições financeiras ao longo de toda a jornada.
Entre as tecnologias centrais para essa transição estão os agentes de IA. Eles funcionarão como assistentes financeiros pessoais, acessíveis por múltiplas interfaces e com autonomia suficiente para realizar desde o planejamento de metas até a execução de compras, transferências e investimentos. A participação humana será pontual, acionada apenas quando desejado. Com um mercado estimado em 1,5 trilhão de dólares, esses agentes vão redefinir a forma como lidamos com decisões financeiras cotidianas.
Outro vetor de transformação é representado pelas criptomoedas e pelas finanças descentralizadas. A remoção de intermediários e o uso de contratos inteligentes criam uma estrutura onde transações, garantias e obrigações são executadas automaticamente. Aplicadas ao O2C, essas soluções permitem liquidação instantânea, auditoria transparente e novos modelos de pagamento, inclusive internacionais. O potencial de mercado é superior a 4 trilhões de dólares, com impacto direto na eficiência das cadeias de valor.
A computação quântica, embora menos visível ao usuário final, representa outro grande salto estrutural. Sua capacidade de processamento permitirá novos níveis de previsão, otimização e segurança. Algoritmos de risco serão mais rápidos e modelos de crédito mais precisos. Assim como o consumidor não percebe a eletricidade por trás do carregador, ele também provavelmente não perceberá a presença da computação quântica, apenas seus efeitos.
O estudo da Riverty propõe ainda uma matriz de adaptação tecnológica que classifica inovações com base em impacto percebido e tempo de maturação. Tecnologias como biometria facial são consideradas quick wins, de fácil implementação e impacto imediato. Bots de negociação são vistos como investimentos estratégicos, que exigem preparação técnica e regulatória. Já a distribuição de chaves quânticas aparece como aposta de longo prazo, com implicações profundas em segurança e confiança.
À medida que essa transformação avançar, o diferencial competitivo não estará mais apenas na adoção de tecnologias emergentes, mas, sim, na capacidade das instituições financeiras de combiná-las em arquiteturas modulares, interoperáveis e orientadas por IA. As instituições do futuro serão, certamente, orquestradoras de experiências financeiras mais inteligentes e capazes de integrar parceiros, dados e decisões em tempo real.
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A estreia da Circle na bolsa americana semana passada foi um marco para o setor cripto. A empresa, emissora da stablecoin USDC, ampliou sua oferta inicial para captar até US$ 896 milhões, mas superou as expectativas ao levantar US$ 1,05 bilhão, com ações precificadas em US$ 31 e uma valorização de 169% no primeiro dia, encerrando o pregão a US$ 83,23 1.
Apesar do otimismo, a Circle enfrenta alguns desafios. O USDC ainda compete com a hegemonia do USDT e, embora tenha apresentado um crescimento significativo em receita e lucro nos últimos anos, seus custos operacionais também aumentaram consideravelmente. Contei mais dessa história na edição da semana passada do FintechFrames, confira abaixo.
Saúde e paz,
Walter Pereira
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Disclaimer: As opiniões expressas aqui são de total responsabilidade do autor, Walter Pereira, e não refletem necessariamente as opiniões dos patrocinadores, parceiros ou clientes da W Fintechs.
https://www.reuters.com/business/circle-shareholders-aim-raise-896-million-upsized-us-ipo-2025-06-02/